**Sentir** 

~Fabiana Pinto~  




Sentir...

É engraçado como sentimento mexe com a gente,

de repente um furacão se faz em seu interior,

alegria, dor, explosão de sensações.
Parece besteira, parece ridículo, mas em matéria de emoções,

não há como ter controle de suas ações e normalmente

quanto mais tentamos controlar nossos

 sentimentos menos conseguimos.
Na verdade, temos tanto medo de nos assumir,

e de dizer que realmente sentimos que passamos

 muitas vezes parte da vida procurando nos

restringir sentimentalmente,

temos vergonha de demonstrar nossos melhores sentimentos,

 ainda mais agora que a nova ordem apregoa

 a razão acima de tudo.

Tolices pós-modernas, tão bom é ser piegas...
Tão bom beijar um filho no meio de todos,

abraçar um pai como se ainda fosse criança,

deitar no colo da mãe e pedir um carinho,

 declarar com todas as letras para aquela amiga

 o quão ela é importante e dizer eu te amo para

 aquela pessoa que pode não ser sua para sempre,

que pode até não ser sua nunca, mas que

 insistentemente está em você.
O sentimento banha nossa angustia,

como as noites de lua cheia banham o mar.

Os sentimentos tornam-nos humanos.

Afinal, de que vale o poder, de que valem

as conquistas sem ter com quem compartilhar,

sem sentimento para embalá-las?

O que importa são os significados que

queremos dar as nossas ações, os significados

 que queremos dar as nossas vidas e eles

em pequenos detalhes: os pequenos gestos

 aparentemente sem utilidade, uma palavra

naquele dia difícil, um toque, um bilhete,

um aperto de mão, um abraço mudo,

um olhar úmido, um símbolo – nenhuma novidade,

mas tudo isso é vida.
Não que devamos deixar de lado a razão,

mas é preciso entender que sentir não é

 sinônimo de insensatez, sentir não é repetir

 erros, sentir é experimentar todos os dias

as mesmas sensações e descobrir que elas sempre são novas.

O sentimento é a única repetição que por mais estranho

 que pareça insiste em ser original.

É o redundante que não traz prejuízos ao texto da vida.
Ora pois, sintamos então, mesmo que entre

 lágrimas, mesmo que doa, fazendo rir ou não,

sejamos então como disse outrora Renato Russo,

animais sentimentais. E ressuscitemos o

 lirismo há tanto tempo escondido.
Enfim, talvez recuperando o sentimento

 recuperemos o respeito ao próximo, o respeito a vida,

 o respeito ao futuro e por fim reencontremos

o nosso eu aquele que se perdeu ali atrás

em algum lugar num daqueles dias sem sorriso, sem ar.

Quer enviar para seus amigos no orkut?
Copie e cole o código logo abaixo!!


Deixe seu recado no meu livro de visita.

© Direitos Reservados ©
www.sonhosdeumpoeta.com