alegria, dor, explosão de sensações.
Parece besteira, parece ridículo, mas em matéria de emoções,
não há como ter
controle de suas ações e normalmente
quanto mais tentamos controlar nossos
sentimentos menos conseguimos.
Na verdade, temos tanto medo de nos assumir,
e de dizer que realmente sentimos
que passamos
muitas vezes parte da vida procurando nos
restringir
sentimentalmente,
temos vergonha de demonstrar nossos melhores sentimentos,
ainda mais agora que a nova ordem apregoa
a razão acima de tudo.
Tolices
pós-modernas, tão bom é ser piegas...
Tão bom beijar um filho no meio de todos,
abraçar um pai como se ainda fosse
criança,
deitar no colo da mãe e pedir um carinho,
declarar com todas as letras
para aquela amiga
o quão ela é importante e dizer eu te amo para
aquela pessoa
que pode não ser sua para sempre,
que pode até não ser sua nunca, mas que
insistentemente está em você.
O sentimento banha nossa angustia,
como as noites de lua cheia banham o mar.
Os
sentimentos tornam-nos humanos.
Afinal, de que vale o poder, de que valem
as
conquistas sem ter com quem compartilhar,
sem sentimento para embalá-las?
O que
importa são os significados que
queremos dar as nossas ações, os significados
que queremos dar as nossas vidas e eles
em pequenos detalhes: os pequenos gestos
aparentemente sem utilidade, uma palavra
naquele dia difícil, um toque, um
bilhete,
um aperto de mão, um abraço mudo,
um olhar úmido, um símbolo – nenhuma
novidade,
mas tudo isso é vida.
Não que devamos deixar de lado a razão,
mas é preciso entender que sentir não é
sinônimo de insensatez, sentir não é repetir
erros, sentir é experimentar todos
os dias
as mesmas sensações e descobrir que elas sempre são novas.
O sentimento
é a única repetição que por mais estranho
que pareça insiste em ser original.
É o
redundante que não traz prejuízos ao texto da vida.
Ora pois, sintamos então, mesmo que entre
lágrimas, mesmo que doa, fazendo rir
ou não,
sejamos então como disse outrora Renato Russo,
animais sentimentais. E
ressuscitemos o
lirismo há tanto tempo escondido.
Enfim, talvez recuperando o sentimento
recuperemos
o respeito ao próximo, o respeito a vida,
o
respeito ao futuro e por fim reencontremos
o nosso eu
aquele que se perdeu ali atrás
em algum
lugar num daqueles dias sem sorriso, sem ar.
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